Toda e qualquer fotografia, sem ressalva, faz parte de um processo de manipulação. A construção de uma representação visual, nada mais é do que fazer o uso adequado de signos a compor um resultado previamente pensado, em outras palavras, é manipulação pura. Então, pensar a fotografia, construir uma imagem, pressupõe dominar os signos e trabalhar seus descolamentos dentro de um código que compõe essa linguagem, transgredindo-o ou não. No caso dos retratos a coisa fica muito mais interessante, pois a altivez do sujeito e a permissividade do objeto mascaram o poder da tecnologia, essa sim a grande manipuladora.
Que fique muito claro. Trabalhar a mercê da tecnologia ou do objeto, ou estar consciente dessa inversão não diminui em nada o olhar atento de um fotografo, ao contrário, aguça consideravelmente sua percepção dentro de um universo primordialmente simbólico.
Sejamos então vítimas conscientes e confessas dessa profissão deliciosa, e não nos deixemos cair em tentação de pensarmos ter o controle total da situação.